Por Gabriel Ribeiro*
Tempos difíceis os que estamos vivendo. Em meio a tanto medo, angústia e tristeza, temos manifestado a pior face, aquela da qual nos envergonhamos. Sim, somos fracos, pecadores e egoístas, mas, acima de tudo, necessitados da Divina Misericórdia.
Excessivamente preocupados com as aparências diante da sociedade, enfim nos vimos obrigados a fazer um verdadeiro balanço da vida, eis que toda a pompa e vaidade caíram por terra. O medo da morte nunca esteve tão evidente.
O tal vírus desconhece posses, cargos e prestígio. No fim das contas, o que era valorizado não garantirá a imunidade. Buscando alguma garantia para se agarrar, em um ato de desespero, passamos a nos preocupar com a saúde da alma. Quem diria... decepcionados, percebemos que Ele, o Senhor de nossas vidas, nunca esteve em primeiro lugar e que talvez seja a hora da tão falada mudança de vida, fazendo da existência uma verdadeira quaresma. Nos questionamos sobre um possível castigo divino, quando na verdade deveríamos discernir os propósitos de Deus para o atual momento.
Não é preciso ser doutor nas Sagradas Escrituras para saber que Nosso Senhor só permite o mal quando nos prepara para algo grandioso e absurdamente bom. Esqueçamos as origens do vírus e as questões político-econômicas envolvidas, não é esse o propósito do presente texto; o meu objetivo é uma reflexão existencial, plantar uma sementinha de lucidez no terreno fértil do teu coração.
Caríssimo leitor, há tempos nossas famílias têm sofrido os efeitos dos modernismos e relativismos. O santíssimo lugar de Cristo foi ocupado por ideologias, uso desregrado de tecnologias, ganância, inveja, imoralidade, idolatria, enfim, não poupamos nem os nossos próprios lares.
Ausentes pela loucura diária e desatentos às necessidades dos nossos, fomos obrigados a parar. Foi preciso que ficássemos sem ocupações trabalhistas e escolares, distantes até mesmo do Cristo Sacramentado, literalmente aprisionados em nossas próprias casas, para reconhecer que a maior doença da contemporaneidade não é viral, mas espiritual.
Estamos, sim, doentes... doentes da alma! É chegada a hora da purificação das igrejas domésticas; isso se dará por meio da oração e, sobretudo, do exercício da capacidade de silenciar.
Nas palavras do Cardeal Robert Sarah, "desde o início, Satanás procurou esconder as suas mentiras sob uma agitação falaciosa, ressonante". Com toda certeza, sairemos dessa mais fortalecidos e conscientes das nossas obrigações de batizados. Olhemos para dentro, voltemos as nossas atenções ao que realmente importa e contribuirá na busca do eterno. Cristão é aquele que verdadeiramente segue a Cristo, sobretudo na adversidade.
Compartilhe essa reflexão com os teus amigos que se encontram perdidos em meio as mudanças das últimas semanas.
Gabriel Ribeiro é católico, estudante de direito e cerimoniário na Paróquia Imaculado Coração de Maria (Park Way) - @eusougabriel_